Parque Tecnológico em Óbidos / Jorge Mealha

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  • Equipe De Projeto: Andreia Baptista, Carlos Paulo, Diogo Oliveira Rosa, Filipa Ferreira da Silva, Filipa Collot, Gonçalo Freitas Silva, Inês Novais
  • Engenharia Estrutural: JFA Engenharia, José Ferraz, Lívio Oliveira, Bruno SantosElectrical: António Ferreira, Pedro Ramos
  • Climatização: Luís Graça Fire
  • Hidráulica: S.E. Serviços de Engenharia
  • Paisagismo: Mafalda Lavrador
  • Construtora: MRG Engenharia e Construção S.A.
  • Cidade: Óbidos
  • País: Portugal
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Conceitos do projeto e condições do terreno

Em 2010, o Município de Óbidos lançou um concurso internacional de arquitetura. O objetivo foi desenhar os edifícios centrais e a praça principal para o Parque Tecnológico de Óbidos, destinados como uma estrutura construída "start-up" para empresas criativas.

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O local do parque tecnológico encontra-se na periferia de Óbidos, uma pequena e charmosa cidade histórica locada a aproximadamente cem quilômetros ao norte de Lisboa.

A região de Óbidos segue caracterizada por uma disposição principalmente rural e equilibrada entre o bosque e pequenos locais agrícolas, onde as superfícies pavimentadas são propagadas através deste território de uma maneira quase aleatória. O terreno destinado para construir o edifício e praça principal do parque utiliza o lugar onde antes encontrava-se a sede principal de fornecimento para a construção da rodovia A8, que hoje une Lisboa com o norte do país.

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A estratégia de projeto propõe uma solução que busca reverter o processo de pavimentação em curso neste território, através de uma solução que inverte esta lógica, aumentando tanto quanto seja possível a área verde. Mais que o desenho de um edifício, a estratégia adotada trata de (re)criar um lugar onde a paisagem é determinante para a estrutura principal.

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O projeto também se refere ao programa do concurso, que de forma estranha para nós, estava pedindo uma praça principal para um parque tecnológico no meio do campo. A partir desta premissa do programa surgiram algumas dúvidas de desenho. Como criar uma praça no centro deste campo particular e único? Como desenhar uma praça sem um tecido urbano circundante e evoluir este lugar?

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Como resultado de negociações no tempo inserido no tecido urbano, este convoca toda a gama de funções associadas - habitação, comércio, artesanato, etc - como se vê na Plaza de San Marcos, em Veneza, ou como um desenho simbólico barroco como a Praça do Comércio de Lisboa ou incluso como na Piazza Navona, em Roma, onde a praça se superpõe em sua geometria sobre locais e programas anteriores. A praça, como conceito, não pode se separar do âmbito urbano que conforma e dá forma a seus limites e propósito. O estudo relativo à forma, usos e geometria de várias praças e a possível adequação ao longo do projeto surgiu durante o processo projetual como uma solução bastante estranha e forçada. Assim que, como projetar uma praça sem cidade, sem seu tecido urbano gerador? Esta perplexidade de desenho, a insuficiência de desenhar uma praça sem tecido urbano foi um fator chave para buscar e encontrar espaços públicos alternativos. Assim, a estratégia de desenho mudou e trouxe outros tipos de espaços de convivência que permitissem obter o espaço público desejado sem desenhar uma praça como tal.

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Planta - Térreo

Em vários lugares rurais de Portugal ainda existem alguns espaços públicos interessantes chamados de "Terreiros". Caracterizando alguns assentamentos ou pequenas cidades, estes espaços de convivência vão desde um tipo de geometria sem forma quase sem edifícios que os rodeia, a lugares completamente integrados e desenvolvidos por pequenas construções.

Encontramos que, de maneira muito interessante para a gente, os "terreiros", este tipo de grandes espaços livres, são, de fato, bastante eficazes como espaços públicos apesar de seus limites frequentemente sem formas.

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São nestes espaços muito flexíveis que durante todo o ano as pequenas comunidades da região organizam cortejos tradicionais, feiras, procissões religiosas, concertos de música, atividades tradicionais ou jogos. Muito menos dependentes dos tecidos urbanos, os espaço cívicos são flexíveis e fortes ao fornecer oportunidades para o encontro e atividades de convivência. Então, ao invés de propor o desenho de uma praça urbana como tal, o projeto tem como objetivo desenvolver um grande espaço público com características similares a uma praça, mas muito mais flexível com as relações com um entorno construído ou geométrico.

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Mantendo os objetivos de convivência expressados nas bases do concurso, a decisão do projeto foi centrada no objetivo de criar um grande espaço público, seja como uma relação fácil e flexível com os edifícios que o rodeiam, ou como complemento da paisagem natural.

Outro aspecto da pesquisa através do processo projetual refere-se às qualidades e características dos grandes edifícios neste território em particular. Foi possível notar que parte dos pequenos assentamentos construídos que de algum modo marcam este território, algumas grandes granjas ou conventos e monastérios rasgam finas linhas horizontais na paisagem, que é principalmente verde. Essas grandes estruturas construídas marcam a perspectiva do território com finas linhas horizontais onde o desenvolvimento do projeto é de importância crucial. Assim, o desenho buscou desenhar um edifício que surgiria na paisagem como uma fina linha horizontal, como uma parede longa e contínua.

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Por outro lado, a pesquisa e o estudo das maiores estruturas religiosas da região, o Monastério de Batalha e o Convento de Cristo em Tomar, revelaram aspectos interessantes para o programa do concurso. Os claustros apresentados por essas estruturas religiosas foram de especial eficácia para o programa solicitado. De fato, como recinto de empresas "start up", a comunicação e o fácil contato entre os usuários são um aspecto fundamental. Ou, uma estrutura de claustro é muito eficaz para a possibilidade de uma forte interação visual. Assim, o processo do desenho também passou pela possibilidade de criar uma solução na qual uma espécie de claustro poderia estar relacionada com todas as demais premissas do projeto.

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Paralelamente, outras camadas de conhecimento contaminam e apoiam o processo projetual em curso. Duas fontes foram de particular interesse para a equipe de projeto. Uma delas foi o livro de John Maeda, "The Laws of Simplicity", e a outra a exposição "The New Silk Roads", de Kyong Park, no Museu de Arte Contemporânea de Castilla y León, na Espanha há alguns anos.

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Esta exposição de Kyong Park tratava a expressão e o registro no território de alguns conceitos como a negociação, o conflito, a superposição, a contaminação e o equilíbrio que eram similares aos que surgiram através das premissas do processo de desenho. De fato, todos os objetivos de desenho em relação com o projeto do Edifício Central do Parque Tecnológico de Óbidos, foram de alguma maneira equilibrados e apoiados por estratégias similares com o território, como as expressões e anotações mostradas nas obras de Park.

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O livro de Maeda foi utilizado como um marco conceitual, como uma espécie de tratado de arquitetura, como um modelo para o pensamento arquitetônico. Através de noções como reduzir, organizar o tempo, as diferenças,  o contexto e a emoção, a pesquisa de projeto e seu desenvolvimento equilibraram os requisitos do programa com as soluções mais simples possíveis, fortemente contaminadas pela lei 10 do livro, na qual o autor afirma que "a simplicidade é restar o óbvio e adicionar o significativo".

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A proposta de desenho resultante é bastante simples e de alguma maneira literal com as referências tratadas. Uma área interior do terreno foi parcialmente pavimentada com seus limites,o que sugere uma espécie de bordas naturais (o que sempre sugere o resultado de um processo de erosão). Parte desta superfície pavimentada, o "terreiro", tinha alguns ilhós com o fim de aumentar a permeabilidade do solo. Rodeando o espaço, duas longas paredes sustentam a terra e incorporam parte do programa. Na esquina sudeste, uma nova colina é criada reutilizando os movimentos de terra necessários para inserir todo o programa do térreo do edifício.

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Na parte superior, acima do espaço cívico criado e a paisagem (re)criada e extensa, uma praça vazia enorme, um claustro de escritórios, um marco, flutua apoiada somente em seis pontos e delimita o espaço que filtra as perspectivas para o interior e exterior.

A decisão de incluir parte do programa abaixo da paisagem possui vários objetivos. Um é aumentar as superfícies verdes dentro do terreno. O outro é diminuir as necessidades de energia em termos de sistemas de ventilação do edifício. Por último, com a criação da nova colina, reutilizando a terra que se moveu para alocar o programa no térreo, pudemos sugerir de alguma maneira um limite natural ao sudeste do "terreiro", evitando gastar energia com transporte desta terra a outra lugar e a criação de uma terraplanagem em outros lugares.

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O programa é distribuído de uma maneira muito clara e simples. No térreo encontram-se todos os espaços de apoio como sala de reuniões principal e salão multifuncional, um FabLab, um pequeno restaurante, algumas lojas e as principais áreas técnicas. No claustro flutuante encontram-se todas as unidades de escritórios para as empresas "start up" e alguns laboratórios. Ambos os pavimentos apresentam grandes área organizadas através de uma estrutura modular que proporciona enorme flexibilidade para se adaptar em relação com as necessidades.

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Materiais

Foram utilizados principalmente três materiais: concreto, aço e vidro. Basicamente o térreo é de concreto aparente, expressando uma estrutura telúrica. Todas as marcas do processo de construção foram deixadas intencionalmente, atuando como uma textura mural e uma memória de roteiro gráfico. Também, intencionalmente, a plasticidade do concreto em bruto foi considerada como uma característica expressiva e para a identidade espacial. Todo o térreo tem a ver com o lar, com sua expressão áspera e pesada.

As paredes internas e os pisos são de concreto. Alguns detalhes de madeira (painéis OSB) e elementos pintados de preto (mesas de recepção, falsos tetos acústicos, escadas) propõem um marco interno de perspectivas, equilibrando a expressão de concreto.

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Externamente, no térreo, além das janelas (vidro térmico duplo com caixilho de alumínio), são utilizados dois materiais: concreto e aço corten. O piso de concreto é texturizado com pó de metal com o objetivo de oxidar o pavimento um pouco aleatoriamente através do tempo. Partes das paredes estão cobertas por painéis de aço corten oxidado. Estes painéis estão feitos com o uso de módulos padronizados de unidades de andaimes de pavimento.

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Oposto ao térreo, o primeiro pavimento demonstra a geometria e a claridade. Um conjunto de treliças metálicas enormes criam quatro prismas vazios e interconectados, construindo um claustro grande e flutuantes. A estrutura limita a modularidade das unidades "startup" que ocupam a maioria do espaço neste nível.

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Neste pavimento, a circulação foi realizada através de uma circulação interior ventilada naturalmente, protegida por uma grande superfície de vidro. As paredes exteriores são feitas de painéis leves, úmidos e isolantes, e as paredes interiores são construídas com o sistema seco de painéis leves de gesso.

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No "claustro circulação" o pavimento é de unidades de andaimes de aço perfurado, e seu teto falso é feito com folhas de alumínio. A fachada exterior está completamente coberta por uma membrana branca leve, translúcida e transparente, construída com unidades de andaimes de aço perfurado envernizado.

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Localização do Projeto

Endereço:Óbidos, Portugal

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Sobre este escritório
Cita: "Parque Tecnológico em Óbidos / Jorge Mealha" [Technological Park in Obidos / Jorge Mealha] 09 Nov 2020. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/762507/parque-tecnologico-em-bidos-jorge-mealha> ISSN 0719-8906

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